1. Definição etimológica.
A palavra dízimo origina-se do vocábulo hebraico maáser cuja raiz hebraica provém das consoantes "aim, shim e reish" a qual é relacionada ao verbo árabe ashara, “formar uma comunidade”, um grupo, e com os substantivos árabes ±ashr£rat, “tribo”, ma±shar, assembléia.
É provável que o vocábulo dízimo origina-se da raiz acima por causa dos dez dedos, o desenvolvimento semântico foi o de que “dez” equivale a uma “coleção”, “união”. Conseqüentemente, dez em árabe é ashr; em ugarítico, þr; em acadiano, eþru; em aramaico bíblico, ±¦´ar.
2. A origem do dízimo.
O costume de dar 10% da parte dos produtos da terra e dos espólios das guerras para os sacerdotes e reis (1 Mac 10:31; 11:35; 1 Sam 8:15,17) era um costume muito antigo entre algumas nações.
Os egípcios como também os mesopotâmicos tiveram esse costume (é visto, por exemplo, em citações da literatura acadiana com respeito a dízimos pagos a deuses ou templos, em CAD, V. 4, p 369). Os judeus praticaram este costume antes mesmo da instituição da lei mosaica (Gn 14:17-20; Gn 28:22).
3. O registro bíblico.
No Pentateuco se encontra o registro da legislação sobre os dízimos em três lugares.
(1) De acordo com Lev 27:30-33, o dízimo era dado da semente da terra, i.e. das colheitas, do fruto das árvores, e do rebanho (comp. Dt 14:22,23; 2 Cr 31:5,6).
(2) Em Num 18:21-32 é registrado que o dízimo deveria ser pago aos Levitas.
(3) Em Dt 12:5,6,11,18 é dito que o dízimo era levado até o lugar onde o Senhor escolhera. Fora isso há o registro de se vender o produto para depois dizimar Dt 14:22-29.
4. Comentário extra-bíblico.
Os dízimos foram nomeados da seguinte forma o Primeiro Dízimo, o Segundo Dízimo, e o Dízimo do Pobre que também era chamado de o Terceiro Dízimo (Pe'ah, Ma`aseroth, Ma`ser Sheni, Dema'i, ha-shanah, comp. Tobi 1:7,8).
O Primeiro Dízimo era dado aos Levitas, o Segundo Dízimo poderia ser mudado para dinheiro com a adição de uma 5ª parte de seu valor para atender todos aqueles que estavam longe de Jerusalém.
Poderia ser comprada só comida, bebida ou ungüento com o dinheiro (Ma`aser Sheni 2.1; compare Dt 14:26). O dízimo de gado pertencia ao Segundo Dízimo, e seria usado para o banquete em Jerusalém (Zebhachim 5 8).
A explicação dada por muitos críticos é que Deuteronômio e Levítico são camadas diferentes de legislação, e que o dízimo de Levítico é pós-exílico isso é criação do Código Sacerdotal.
A lei do Talmude de dizimar estende a Lei de Moisés, ou seja, o Talmude ensina que até mesmo para os produtos menores da terra não só as sementes, mas, até mesmo em certos casos, as folhas e talos tinham que ser dizimados (Ma`aseroth 4 5), como a hortelã, endro e cominho (Dema'i 11 1; compare Mt 23:23; Lc 11:42). O princípio geral era que “tudo o que fosse comido, e que cresce sobre a terra” deveria ser dizimado (Ma`aseroth 1 1).
5. A Tesouraria.
Havia naquela época a necessidade de uma “tesouraria” e isso com relação à casa do Senhor isso se dava pelos oferecimentos dos dízimos, e espólio das guerras a qual era dedicado ao Senhor. Em Js 6:19,24 se tem o registro da “tesouraria da casa do Senhor”.
No reinado de Davi, e em seus planos para o futuro templo, grande proeminência foi dada às “tesourarias”. Em 1 Cr 26:20-27 são determinado os nomes daqueles que estariam incumbidos da responsabilidade da tesouraria da casa de Deus.
6. O Templo de Salomão.
Em 1 Cr 28.11 é mencionado que Davi dá a planta para Salomão daquilo que devirá existir no templo, e a mesma distinção é feita das “tesourarias” (1 Cr 28:12).
Entretanto existem várias narrativas que informam que os tesouros não ficavam apenas na casa do Senhor (1 Rs 14:26; 15:15,18; 2 Rs 12:18; 14:14; 16:8; 18:15; 24:13).
Em 2 Rs 12; 2 Cr 24 se tem uma visão da administração do uso do dinheiro daquela época.
7. O Templo de Herodes.
No templo de Herodes a tesouraria ficava no tribunal das mulheres. Próximo aos pilares das colunatas existia 13 caixas para serem depositados os dinheiros oferecimentos pelas pessoas (veja em Mc 12:41; Lc 21:1 o relato da viúva pobre); este tribunal parece ter sido o lugar do depósito dos tesouros do templo, onde mais tarde se deu o nome de gazofilácio (Jo 8:20).
8. Resumo.
Após esse pequeno estudo restam agora algumas indagações. Existiu dinheiro naquela época? Sim! Mas para qual finalidade? Isso se vê esboçado acima! Havia tesoureiros? Sim! Mas o que faziam? Existia santuário para ter dinheiro? Sim! E depois que foi destruído o santuário, houve ainda dinheiro, tesouraria e tesoureiro? Não! Pois após a destruição do santuário acabou a função sacerdotal e o dízimo, e isso é patente por todo o antigo testamento.
Mas quando o santuário fora reconstruído existiu dinheiro, tesouraria e tesoureiro? Sim! Mas como até hoje não há mais santuário em Israel, Também não há mais dizimo! Então porque hoje o dizimo é cobrado nas denominações evangélicas como obrigatório e não como algo voluntário?